segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Alentejo...


Palavra mágica que começa no Além e termina no Tejo, o rio da portugalidade.
 O rio que divide e une Portugal e que, à semelhança do homem Português, fugiu de
 Espanha à procura de mar.
 O Alentejo molda o carácter de um homem. A solidão e a quietude da planície dão-lhe a espiritualidade e a paciência do monge; as amplitudes térmicas e a agressividade da charneca dão-lhe a resistência física, a rusticidade, a coragem e o temperamento do guerreiro. Não é alentejano quem quer. Ser alentejano não é um dote, é um dom. Não se nasce alentejano, é-se alentejano
 Portugal nasceu no Norte, mas foi no Alentejo que se fez o homem. Guimarães é o berço da Nacionalidade; Évora é o berço do Império Português. Não foi por acaso que D. João II se teve de refugiar em Évora para descobrir a Índia. No meio das montanhas e das serras, um homem tem as vistas curtas; só no coração do Alentejo, um homem consegue ver ao longe. Mas foi preciso Bartolomeu Dias regressar ao reino, depois de dobrar o cabo das tormentas, sem conseguir chegar á Índia, para D. João II perceber que só o costado de um alentejano poderia suportar o peso de um empreendimento daquele vulto. Aquilo que, para o homem comum, fica muito longe, para um alentejano, fica já ali. Para um alentejano, não há longe, nem distância, porque só um alentejano percebe intuitivamente que a vida não é uma corrida de velocidade, mas uma corrida de resistência onde a tartaruga leve sempre a melhor sobre a lebre. Foi, por esta razão, que D. Manuel decidiu entregar a chefia da armada decisiva a Vasco da Gama. Mais de dois anos no mar… e, quando regressou, ao perguntarem-lhe se a Índia era longe, Vasco da Gama respondeu: «Não, é já ali.». O fim do mundo, afinal, ficava ao virar da esquina.
 Para um alentejano, o caminho faz-se caminhado e só é longe o sítio onde não se chega sem parar de andar. E Vasco da Gama limitou-se a continuar a andar onde Bartolomeu Dias tinha parado. O problema de Portugal é precisamente este: muitos Bartolomeus Dias e poucos Vascos da Gama. Demasiada gente que não consegue terminar o que começa, que desiste quando a glória está perto e o mais difícil já foi feito. Ou seja, muitos portugueses e poucos alentejanos D.Nuno Álvares Pereira, aliás, já tinha percebido isso. Caso contrário, não teria partido tão confiante para Aljubarrota. D. Nuno sabia bem que uma batalha não se decide pela quantidade mas pela qualidade dos combatentes. É certo que o rei de Castela contava com um poderoso exército composto espanhóis e portugueses, mas o mestre de Avis tinha a vantagem de contar com meia-dúzia de alentejanos. Não se estranha, assim, a resposta de D. Nuno aos seus irmãos, quando o tentaram convencer a mudar de campo com o argumento da desproporção numérica: «Vocês são muitos? O que é que isso interessa se os alentejanos estão do nosso lado?» Mas os alentejanos não servem só as grandes causas, nem servem só para as grandes guerras. Não há como um alentejano para desfrutar plenamente dos mais simples prazeres da vida. Por isso se diz que Deus fez a mulher para ser a companheira do homem. Mas, depois, teve de fazer os alentejanos para que as mulheres também tivessem algum prazer. Na cama e na mesa, um alentejano nunca tem pressa. Daí a resposta de Eva a Adão quando este, intrigado, lhe perguntou o que é que o alentejano tinha: «Tem tempo e tu tens pressa.» Até porque os alentejanos e o Alentejo foram feitos ao sétimo dia, precisamente o dia que Deus tirou para descansar E até nas anedotas, os alentejanos revelam a sua superioridade humana e intelectual. Os brancos contam anedotas dos pretos, os brasileiros dos portugueses, e os franceses dos argelinos… Só os alentejanos contam e inventam anedotas sobre si próprios. E divertem-se imenso, ao mesmo tempo que servem de espelho a quem as ouve.
 Mas, para que uma pessoa se ria de si própria, não basta ser ridícula, porque ridículos todos somos. É necessário ter sentido de humor. Só que isso é um extra só disponível nos seres humanos topo de gama. Não se confunda, no entanto, sentido de humor com alarvice. O sentido de humor é um dom da inteligência; a alarvice é o tique da gente bronca e mesquinha. Enquanto o alarve se diverte com as desgraças alheias, quem tem sentido de humor ri-se de si próprio. Não há maior honra do que ser um objecto de uma boa gargalhada. O sentido de humor humaniza as pessoas, enquanto a alarvice diminui-as.
 Se Hitler e Estaline se rissem de si próprios, nunca teriam sido as bestas que foram E as anedotas alentejanas são autênticas pérolas de humor: curtas, incisivas, inteligentes e desconcertantes, revelando um sentido de observação, um sentido crítico e um poder de síntese notáveis. Não resisto a contar a minha anedota preferida.
 Num dia em que chovia muito, o revisor do comboio entrou numa carruagem onde só havia um passageiro. Por sinal, um alentejano que estava todo molhado, em virtude de estar sentado num lugar junto a uma janela aberta. «Ó amigo, por que é que não fecha a janela?», pergunto-lhe o revisor. «Isso queria eu, mas a janela está estragada.» Respondeu o alentejano.
 «Então porque é que não troca de lugar?»
 «Eu trocar de lugar, trocava … mas com quem?»
 Como bom alentejano que me prezo de ser, deixei o melhor para o fim. O Alentejo, como todos sabemos, é o único sítio do mundo onde não é castigo uma pessoa ficar a pão e água. Água é aquilo por que qualquer alentejano anseia. E o pão… Mas há melhor iguaria do que o pão alentejano? O pão alentejano come-se com tudo e com nada. É aperitivo, refeição e sobremesa. E é o único pão do mundo não tem pressa de ser comido. É tão bom no primeiro dia como no dia seguinte ou no fim-de-semana. Só quem come o pão alentejano está habilitado para entender o mistério da fé. Comê-lo faz-nos subir ao céu!
 É por tudo isto que, sempre que passeio pela planície numa noite quente de verão ou sinto no rosto o frio cortante das manhãs de Inverno, dou graças a Deus por ser alentejano. Que maior bênção poderia um homem almejar?


Santana-Maia Leonardo

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Trilhos Serra de Sintra - 05 de Janeiro de 2014

Mais uma vez cheguei atrasado. Tinha combinado com o Rui Soeiro para irmos juntos, ele conhecia uma parte do percurso, a parte inicial que era coincidente com a Corrida do Monge e eu levava o track no meu relógio. Para variar comecei mal, levei um frontal que não funcionava. Felizmente fui sempre com o Rui e ele levava frontal. Os primeiros 5km foram sempre a subir e a bem subir! Não sei se foi por termos subido bastante mas ao 5km perdemo-nos e tivemos que voltar para trás, vá lá que o Rui levava o percurso num mapa completo no telemóvel. Foi o primeiro de vários enganos, ocorreram maioriatariamente durante a noite. Com os enganos todos foi-se formando um grupo que iria quase até ao final. Passámos novamente pelo trilho das pontes, mas desta vez de noite, posso apenas afirmar que a experiência é diferente, gostei de atravessá-lo mais durante o dia. Mais à frente "atacámos" uma das subidas mais exigente que tive que efectuar. Ficam as fotos só para terem a noção da inclinação.






 
 


Quase a chegar ao topo aproveitei para tirar umas fotos à paisagem.




Demorámos praticamente meia hora só para chegar ao final da subida! Houve algumas parte menos ingremes mas foram quase 2km a subir!
 
Depois fomos até à Pedra Amarela tentar ver a fantástica vista, mas como o tempo estava embrulhado não foi possível ver nada.
 
 




 
O percurso seguia depois por uma longa descida, a qual já a conhecia e aproveitei para acelerar e fazer um pequeno video.



Depois dessa longa descida, voltámos a enganar-nos no percurso mais umas quantas vezes. Entretanto despedimo-nos de pessoal que ia fazer o percurso dos 13km que voltaria para o carro. Mais à frente como estávamos no caminho errado decidimos fazer corta-mato para voltarmos ao percurso correcto. Como diz o Rui no seu blogue "desnível entre os caminhos era acentuado e mesmo antes da estrada existia uma barreira com uns 2 metros que tivemos de ultrapassar. Uns 200m mais à frente o caminho que seguíamos e o correcto convergiam..." Continuámos a descer por percursos muito curiosos, como um túnel que passámos por dentro.





No final do túnel um pequeno passadiço para voltarmos a sair do barranco, onde estávamos.




Continuámos e o terreno melhor ligeiramente e aproveitei para voltar a tirar umas fotos.



 
Quase a chegar ao Guincho metemo-nos em mais uma aventura, o Rui no seu blogue explica muito bem o que se passou:
 
"...só que desta vez os caminhos eram mesmo paralelos apenas separados por uma rede de aço para aí com 1,5m. Opções: a)Voltar para trás; b)Continuar no caminho "errado" e esperar que convergissem; c) Saltar a rede. Por esta altura já devem de estar a ver o espírito do grupo e por isso, sem surpresa, optámos pela "c" e digo-vos, após 20km a pernas já não queriam cooperar com a ideia. 100m mais à frente a rede terminava... O que eu ri..."  Só vos digo que foi um fartote de rir!
 
Passados alguns km chegámos à zona do Guincho e foi o momento para uma sessão fotográfica, já que a paisagem era de cortar a respiração.
 
 

 
 
 










 
 




 


De seguida começámos a afastarmo-nos da costa e em direcção ao Santuário da Peninha. Escusado será dizer que foi sempre a subir... Em 2 km subimos do nível do mar até aos 170m.
 



 
Quando digo subir digo mesmo subir! Tivemos que subir uma montanha em que a possibilidade de subir era subir em quatro apoios! Foram os 2km mais longos da minha vida! Subimos até aos 485m! Foi uma parede que tivemos de escalar a muito custo porque o piso estava muito escorregadio e era muito íngreme.
 
 



 
Depois de ultrapassada esta parede, chegámos finalmente ao Santuário da Peninha. A vista deve ser espectacular mas com o nevoeiro que estava não se consegui ver nada.
 
 

 
Voltámos a descer pela serra a dentro.
 

 
 
Começámos a encontrar imensos Bttistas que andavam a treinar. mas que por vezes tinham que desmontar das bicicletas para passarem por cima das árvores caídas nos dias anteriores. Quase no final encontrámos outro grupo que tinha iniciado connosco o treino e seguimos até ao final juntos. Chegámos à Sociedade de Instrução e Recreativa de Malveira e Janes passadas quase 5h30. No final tirámos fotos para a posteridade e tivemos ofertas de bebidas de recuperação de um patrocionador que apoiou o evento.
 
 
 



O grupo que fez o percurso dos 28km quase sempre juntos...