domingo, 3 de agosto de 2014

Ultra Trail Monte da Lua - 19 de Julho de 2014

Oficialmente esta seria apenas a minha 2ª Ultra Maratona (Ultra Trail de Sesimbra e  Ultra Trail Monte da Lua), no entanto foi a minha 3ª, visto que os Trilhos do Almourol que tiveram 45km em vez de 42km.  Mais uma vez a dupla R&S (Rui e Sílvio) manteve-se junta até ao final da prova.  A partida para a prova foi na Praia das Maçãs, depois do levantamento dos dorsais aprontámos os últimos pormenores no equipamento e conhecer o Filipe Torres
Depois de um elemento da organização ter feito um briefing lá foi dado o sinal de partida, fomos com muita calma para não encher os pés de areia logo ao inicio. Evitámos um pequeno curso de água e começámos logo a subir a arriba. Durante alguns minutos apanhámos alguma chuva miudinha, mas nada que nos deixasse muito molhados. O tempo estava fresco o que era um grande trunfo para uma prova deste tipo.


Depois de cerca de 3 km chegámos até um pequeno ribeiro onde tivemos parados praticamente 5 minutos. Conseguimos evitar molhar os pés, mais uma vez e seguimos. Fomos entrando cada vez mais na mística e mágica Serra de Sintra, passando por bairros e ruelas muito engraçadas. Fomos sempre subindo pela serra a cima até ao 10 km. Nas subidas mais acentuados eu e o Rui seguíamos sempre a caminhar, para nos poupar para as parte mais difíceis e técnicas que estavam ainda para vir.  Depois do 10 km e até cerca do 12 km altura para descer um pouco na serra. Surge uma nova rampa que facilmente é ultrapassada para de seguida voltarmos a descer durante cerca de 2 km quase até ao abastecimento que estava situado praticamente me cima do 17 km. O abastecimento tinha banana, amendoins, batatas fritas, marmelada, tomate com sal e outros salgados para além de água e Coca Cola que nem cheguei a beber porque estava ainda dentro da viatura da organização. Já reabastecidos preparamo-nos para "atacar" uma subida em pedra extremamente íngreme com uma extensão de quase 2 km. Felizmente essa subida foi compensada com a visita à maravilhosa e linda Quinta da Regaleira




Como nunca tinha estado neste local parecia uma criança a abrir uma prenda no Natal! Fiquei maravilhado e com vontade de voltar lá para poder explorar e ver a quinta com mais calma e atenção. Tivemos a oportunidade de descer o Poço Iniciático e foi como se tivesse entrado noutra dimensão! Adorei! Já no final, nos túneis houve a necessidade de iluminar com a luz do telemóvel devido à escuridão total. Quando saímos tivemos a fantástica vista que uma imagem vale mais do que mil palavras. 





Fotos "surrupidadas" do blogue da Menina 

Depois de sairmos da Quinta da Regaleira parecia que estava completamente restabelecido sem cansaço algum. A ida à Quinta foi um dos pontos altos da prova. Passado mais ou menos 1 km "atacamos" o Castelo dos Mouros para tentar conquistar a colossal parede que o protegia, uma escalada dificílima com degraus à mistura e subida de pedras. Neste período comecei a transpirar imenso, o suor corria-me de fio da cabeça. Demorámos cerca de 10 minutos para conseguir chegar ao ponto mais alto, ainda que não tivéssemos chegado ao Castelo dos Mouros.  A prova passou depois numa propriedade privada com uma mansão linda, completamente abandonada e degradada, entre o 23km e 24km. O percurso seguia inclusive por dentro desta mansão. Seguimos tranquilamente por umas descidas fáceis e estradões compridos e largos até ao segundo abastecimento, na Lagoa Azul, que era apenas abastecimento de líquidos, ao 29km  Sentimos necessidade de comer algo, felizmente o Rui levava umas belas sandes de presunto com pão de cereais.  Mais uma vez a paisagem na Lagoa Azul era deslumbrante. A parte que se seguiu foi das mais difíceis que tivemos de enfrentar a subida do trilho das Pontes e a subida do Monge. Precisámos de 1 hora para fazer apenas 4 km! E muita mossa fizeram esses 4 km, que quando cheguei ao topo (437m em relação ao nível do mar) estava exausto e sem fôlego. Consegui distrair-me um pouco com a paisagem no trilho das Pontes, mas quando cheguei à parte do Monge fui-me abaixo a nível psicológico devido à dureza da subida. Seguimos a rolar devagar até ao terceiro abastecimento, sólido desta vez que se situava na fonte das Pedras Irmãs. Neste período começou a chover, o que até foi bom, para arrefecer o corpo e ficar com um novo estado de espírito. Voltei a comer tomate com sal, salgados e fruta e bebi água. Depois de uns minutos a comer, beber e conversar seguimos por uma zona muito bonita que e gostei bastante, uma zona a descer com árvores espaçadas mas que por cima cobriam o céu. Depois de um carrossel num constante sobe e desce (subimos mais do que descemos) chegámos até Anta de Andrenunes  um aglomerado de pedras. Nesta parte da prova saímos da floresta e a vegetação começou a ser mais rasteira. Fomos descendo gradualmente até à Azóia, esta parte do percurso reconheci-o devido ao GP Fim da Europa . Começámos a descer até ao mar, a descida e posterior subida desta arriba até ao farol foram MASSACRANTES! O grau de dificuldade nesta parte foi muito elevado devido a:  inclinação, ser muito técnica com pedras soltas e rolantes, o calor tórrido que já se fazia sentir e nós em qualquer tipo de sombra. Depois do massacre, houve um senhor estrangeiro que perguntou ao Rui qual era a extensão da prova e ficou impressionado com a resposta, 53km! Chegámos finalmente ao 4º e ultimo abastecimento, liquido apenas. Aproveitei para entornar água pela cabeça a baixo porque estava cheio de calor e muito suado. Seguimos, já bastante cansados e quando apanhámos o carrossel triplo foi o "fim da picada". Tivemos que subir e descer três vezes escarpas com subidas de meter respeito que faziam sombra às anteriores. Neste período comecei a ficar irritado e muitos nomes chamei à organização naquele período. Já quase nem conseguia correr. Nesta parte da prova, com a subida e descida constante das arribas vimos bombeiros que estavam apenas a treinar numa falésia e nem um único bombeiro, elemento da protecção civil ou da organização. Na minha opinião tinha que haver pelo menos uma ambulância ou um carro dos bombeiros devido à perigosidade desta parte da prova. Não contentes com o massacre das arribas a organização brinda-nos com areia! Eu detesto correr em areia! Ainda por cima com uma subida, na zona da praia da Adraga. Nesta parte da prova desisti de correr e limitei-me a caminhar. Quando chegámos à zona da Praia Grande senti-me um pouco melhor e lá fomos numa corrida lenta arrastando-nos com a paisagem a ser deslumbrante e nós sem pachorra para a admirar. Começámos a ver uma zona conhecida e começámos a correr para finalmente descermos a arriba que tivemos que escalar logo no inicio da prova. Mais uns metros de areia e finalmente a meta! Na meta estava o grande Luís Mota para nos aplaudir e cumprimentar, que terminou em 3º lugar com 5h28m. Esteve ali mais 3h para cumprimentar os atletas que chegaram! Terminámos a prova com 8h49m. Terminámos classificados em 86º (Rui) e 87º em 127 atletas que chegaram ao final. Depois de passarmos a linha de meta, colocaram-nos a medalha ao pescoço e fomos até uma tenda para reabastecermos. Passados uns minutos chegou a Menina, numa excelente prova que realizou! O video que se segue é da autoria do Rui em mais um excelente trabalho de filmagem e edição do mesmo.



Com o calor que se fez sentir decidimos ir dar um mergulho na praia e que bem que soube! Foi uma prova dura com passagens por pontos lindos! 

Pontos Negativos

  • Falta de elementos de segurança na parte mais critica e difícil da prova
  • Poucos abastecimentos 
  • Inscrição cara



Pontos Positivos

  • Excelentes marcações, provavelmente a melhor prova em termos de marcações que tive oportunidade de encontrar
  • Passagem na Quinta da Regaleira, Cabo da Roca, Lagoa Azul, Castelo dos Mouros
  • A mística e mágica Serra de Sintra 
O balanço da prova, que faço, é extremamente positivo. Obrigado Rui, pela companhia!



5 comentários:

  1. Parabéns pela tua 3ª Ultra! E digo 3ª porque tenha o nome oficial ou não, o que é certo é que se anunciam que uma prova tem 42 mas na realidade tem 44, ela é Ultra, pois a realidade conta mais que o anúncio.

    Conheço bem a Regaleira e é fantástica!!!

    Os pontos que apontas como negativos, são os mais importantes numa prova, segurança activa e passiva (abastecimentos). Há que corrigir!

    Um abraço e continua a dar-lhe!

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  2. Parabéns Silvio, mais uma no CV :) ....pelos relatos que tenho lido, pelas fotos que tenho visto, acho que ia gostar desta...está na minha lista para 2015...o problema é que a lista é grande, e há que fazer escolhas...veremos.
    Abraço

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  3. Bem, se não conhecias a Regaleira aposto que ficaste mesmo encantado. :) Merece uma visita menos corrida.
    A minha única crítica à Organização prende-se exactamente com o considerar que, pelo menos, na zona das Arribas, deveria ter havido vigilância. Se uma pessoa cai ali e ninguém vê... Felizmente correu tudo bem.
    Parabéns e venha a próxima! ;)
    Bjs

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  4. Percebo perfeitamente a tua irritação. Um ou dois dias depois de acabarmos já nem nos lembramos das dificuldades, mas na altura também achei um bocado desnecessário, principalmente aquela em areia! Enfim, parabéns por mais uma!! Ainda te vi a ti e ao Rui a chegar, estava a arrumar as coisas para me ir embora. Esperei um pouco mas vocês deviam estar lá dentro a alabanzarem-se eheh

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  5. Com algum atraso mas PARABÉNS por mais uma ultra!
    Foi difícil? Assim é que dá gozo pois conseguiram ultrapassar todas as dificuldades e chegar à meta.
    Beijinhos e bons treinos!

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