quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Ultra Trail Escoteiros de Beja - 23 de Janeiro de 2016

Com a realização de uma prova de trail na minha cidade natal, obviamente que tinha de estar presente. À partida o desafio seria relativamente acessível: 47km com um d+400m e só por estradões. O dia amanhaceu fresco mas com sol, como se pretende para uma corrida longa. Na zona da partida encontrei um ex-colega de equipa dos tempos de quando jogava andebol, o Luís A.. Quem também estava presente na partida mas "à civil" era o Rui Soeiro que estava em estágio para o Ultra Trail dos Abutres. Depois de uns breves minutos à conversa com o Rui, posicionei-me na partida. 


Como não tinha aspirações a vencer a prova ou a ficar nos primeiros lugares decidi ir com o meu amigo Luís A.. Para ele seria a primeira ultra maratona. O 1km seria feito de forma simbólica para nos deslocarmos até aos trilhos. Após o tiro de partida arrancamos rápido para tentar passar nos trilhos ainda "trilháveis" visto que havia muita lama. Até ao 7km fomos passando por um autêntico lamaçal. 







Dentro da localidade de Penedo Gordo havia o primeiro abastecimento. Não perdi muito tempo, bebi apenas um copo de água e de isotónico. Segui com o meu colega Luís A. num bom ritmo, sempre por estradões com alguma lama mas a parte pior já tinha passado. Entrámos numa zona que já conhecia bem, visto ser um local dos meus treinos mais longos. No campo encontrávamos vacas a pastarem, uma pequena zona florestal e alguns pequenos lagos. Praticamente ao 16km chegamos a um troço de alcatrão, mesmo antes do segundo abastecimento na Boavista. Neste período e durante mais alguns kms fomos tendo companhia de alguns atletas. O abastecimento situava-se no 17km. 





Nos abastecimentos havia o habitual das provas de trail: batatas fritas, frutos secos, gomas, tomate com sal, laranjas, bananas, água, isotónico e coca cola.








Nos abastecimentos para além dos escoteiros estavam presentes os bombeiros. Se até à Boavista conhecia os caminhos quase na sua totalidade, a partir daí seria um território novo e a explorar. Este troço até ao terceiro abastecimento na Cabeça Gorda, foi o meu favorito, não só por ser novo para mim, mas por ser um percurso com umas subidas e umas descidas muito engraçadas com um sobe e desce constante. Durante a prova fomos brindados com alguns "smiles" desenhados no chão. Em relação às marcações foram todas feitas no chão com cal. Toda a prova estava muito bem marcada. Apanhámos a subida mais íngreme de toda a prova, a única que tinha alguma dificuldade. Até ao abastecimento da Cabeça Gorda fomos ultrapassando alguns atletas. A chegar à localidade havia um pequeno grupo de escoteiros a fazer um controlo de passagem de atletas. Entrando na localidade o percurso da prova passava por dentro de uma casa, para o abastecimento ser no quintal da mesma. O terceiro abastecimento foi ao 27km. Aqui demorámos um pouco mais porque já íamos com quase 30km, com um pouco mais de 2h30 de prova e o sol a começar a ficar forte. Hidratámos bem e comemos um pouco mais. Neste abastecimento ficámos quase 10m. Eu arranquei devagar sem o Luís, mas ele rapidamente me apanhou. A sair da localidade ele quis acelerar mas eu disse para ir com calma porque ainda faltam 20km e tínhamos que digerir o que tinhamos acabado de ingerir. Cerca do 31/32km comecei a sentir uma pequena quebra, comecei a reduzir o ritmo. O Luís disse que com aquele ritmo não conseguia ir, disse para ele seguir num ritmo mais alto que eu iria no meu ritmo. Passámos por uma nova localidade, Salvada, aqui tivemos apoio de algumas pessoas que estavam a assistir. Aliás, em todas as localidades tivemos apoio das populações. Uns kms mais à frente vejo um atleta a deixar-se cair de costas no chão. Pensei logo que fosse alguma coisa grave, afinal era apenas uma câibra. O Luís esteve alguns segundos a ajudá-lo, felizmente havia um grupo de escoteiros relativamente perto que assistiu de imediato o atleta em dificuldades. Não sei se terá sido psicológico, o facto de vermos o atleta a cair no chão, mas o nosso ritmo (meu e o do Luís) caiu. O percurso começou a ter um perfil mais ascendente, sendo que nesta fase intercalámos a corrida com a caminhada ou COCA como lhe chamam os espanhóis. Chegámos já com algumas dificuldades ao último abastecimento, à localidade de Padrão.










Neste abastecimento tivemos parados praticamente 10m. Eu segui mais cedo do que o Luís, mas uns metros mais à frente voltámos a seguir juntos. 








Faltavam apenas 8km para a meta mas foi preciso quase mais 1 hora para chegar ao final. O atleta de azul que segue à minha frente ultrapassei-o com facilidade, o Luís seguia no seu ritmo alto, um pouco mais à frente. Com cerca de 41 km cheguei à última localidade antes do final, Vila Azedo. Daqui até ao final já conhecia o percurso, visto ser um dos meus locais treino. Não sei se foi por essa situação mas senti-me mais forte. Consegui inclusive ultrapassar mais dois atletas! Ao entrar na cidade de Beja vejo um abastecimento improvisado com dois escoteiros, aproveito para beber água e segui. Na avenida que ia dar à meta vejo o Luís a caminhar, aproveito para acelerar o passo para me juntar a ele. Diz-me que está com princípio de cãibras nas duas coxas e que já não consegue correr. Puxo por ele para tentar motivá-lo que estamos na recta da meta. Ele vê o pai, eu vejo a minha família e passo a meta com uma pessoa muito especial. Termino a prova com Fico alguns minutos a descansar e a conversar com a família. Termino a prova com um tempo final de 4h42m18s  e num fantástico 7º lugar na classificação geral! No meu escalão fiquei em 1º lugar! O meu primeiro pódio! 







4 comentários: