quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Trail Centro Vicentino da Serra - 10 de Janeiro de 2016

Passadas várias semanas depois da prova continuo a revivê-la como se estivesse ainda lá. O relato vai ser feito com várias semanas de atraso mas afirmo com todas as letras que foi o melhor trail que participei até hoje! Fui tudo perfeito, uma organização que pensou em tudo e em todos. Vários eventos para os filhos, para os maridos/mulheres dos atletas, os todos os voluntários em todos os locais da prova, tudo perfeito. Vamos lá ao relato da minha prova. O fim-de-semana começou logo no final de sábado ao final da tarde, eu o Hugo S., o Vítor P. e mais 3 senhoras (que foram à caminhada) arrancámos para Portalegre. Parámos em Évora para um magnífico jantar e seguimos até ao quartel dos Bombeiros de Portalegre. Já em Portalegre fomos levantar os dorsais, ver a feira instalada no mercado e sentir ao pulso à grande festa do trail que se iniciou com a corrida dos miúdos. Voltámos para o quartel dos bombeiros onde pernoitámos. O dia acordou com algum vento e chuva. As condições ideais para a prática do trail. O mercado onde estava instalada a partida estava cheio de malta. Reencontrei o Rui Soeiro, o amigo e companheiro das ultras O percurso iniciava-se subindo um palanque (a partida volante) para entrarmos no "curral" da partida. Arranquei tranquilamente com o Rui porque a prova seria longa. Passámos pelo jardim Corredoura em direcção ao Convento de São Bernardo da Escola da Prática da GNR. Foi interessante passar por este convento e fiquei com vontade de conhecer melhor o local. Desde o Jardim até ao 3.8km foi um percurso sempre a subir, o que obrigou a caminhar. O piso estava lamacento, escorregadio, o que tornou a prova muito técnica. O primeiro abastecimento surgiu cerca do 8km, não só estava presente o staff do abastecimento mas também muitas pessoas a assistirem e um grupo de animação que também faziam parte da organização. Parei alguns minutos para abastecer de líquidos (água, isotónico) e alguma comida (batatas fritas, frutos secos).  Já tinham passado algumas horas desde que tinha comido e estava com fome.  Quando estava a sair do abastecimento estava a chegar o Rui. Durante o percurso encontrámos um elemento da organização vestido de salamandra e realizar os movimentos de uma salamandra real. Os próximos kms seriam difíceis com duas duras subidas e uma terceira subida demolidora a chegarmos praticamente aos 900m. Esta subida foi das mais exigentes que encontrámos durante a prova. Um pouco antes do abastecimento "colei" aos dois elementos dos Esquilos.



 À medida que íamos subindo na cota, o tempo piorava com a temperatura a baixar, o nevoeiro surgia e alguns aguaceiros completavam o quadro. Novo abastecimento surge ao 15km, aproximadamente. Aqui encontro a mulher do Rui e suas duas filhas. Assisto ao reencontro e fiquei contente por ele. Depois de uns minutos lá seguimos todos juntos, eu o Rui e os dois elementos dos Esquilos. O percurso assume um carácter descendente e começam as descidas altamente técnicas com muita lama e extremamente inclinadas. O Rui começou a ficar para trás porque está a recuperar de uma entorse do tornozelo, começando a resguardar-se mais nas descidas para evitar recaídas. A partir do 18km e até ao 21km surge nova subida com grande dificuldade. Atingimos finalmente o PA3, aqui havia café para quem queria, eu com receio de me perturbar os intestinos recusei. Abasteci bem e esperei pelo Rui, enquanto os restantes elementos dos Esquilos arrancavam. O Rui acabou por dizer para seguir, custou-me um pouco seguir sem ele, mas sabia que ele conseguiria terminar a prova. Após o abastecimento seguiram-se 2 km absolutamente demolidores, onde passámos por single tracks e estradões até ao ponto mais alto da prova, muito perto dos 1000m. O clima continuava violento com o vento forte, chuva e nevoeiro à mistura. 




Mais à frente subimos até à Cordilheira Vicentina, um ponto rochoso com uma vista fantástica, mas que o nevoeiro teimou em não deixar ver. O percurso seguiu para o ponto mais difícil de toda a prova, uma descida extremamente técnica, com praticamente 2 km de extensão. Há que referir que neste ponto perigoso estavam bombeiros, o que para qualquer acidente, podia actuar de imediato. Nos vários pontos de atravessamentos de estradas com circulação estava sempre pelo menos um elemento da organização. 




Ao 29km surge o PA4, aqui comi as famosas boleimas, um bolo típico de Portalegre. Voltei a comer e repor os líquidos para enfrentar o que ainda faltava da prova. Nos 2km seguintes fomos sempre a descer por single tracks, com muita lama e duas pequenas quedas sem qualquer problema. Depois de uns single tracks junto de ribeiras,  atravessamentos de ribeiras e consequente lava-pés, ultrapassar atletas da prova mais curta chego finalmente ao último abastecimento, cerca do 36km. Aqui como um belo caldo verde e fico alguns minutos a secar devido à chuva intensa que caía. 



A seguir ao abastecimento o percurso que segui por um single track numa longa subida com várias curvas e contra curvas que gostei bastante. Deu-me imenso gozo fazer aquela parte do percurso. Foram 2km a subir que fiz sempre sozinho e apenas com um elemento muito mais à frente. Senti-me em comunhão com a natureza, senti que fazia parte daquela paisagem. Deve ter sido do cansaço e estava a delirar, mas o que é certo é que adorei aquela parte. Já no topo avisto Portalegre, começando a aproximar-me da cidade, por trilhos. Quase a entrar no alcatrão avisto um elemento dos Esquilos que vinha perdido. 




Sigo com ele até ao final, onde cortamos a meta com um tempo final de 6h29m19s. Como conclusão final adorei a prova. Na minha opinião, tudo foi perfeito, a prova foi exemplar. É uma prova obrigatória para quem gosta de trails. 

3 comentários:

  1. Muitos parabéns Silvio. Pelo que tenho lido por aí, a opinião é unanime .. um trail muito bom.
    Aquele abraço

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  2. Muitos parabéns pela prova, muito dificultada pelas difíceis condições de tempo.

    Um abraço

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  3. Muitos Parabéns pela prova concluída e pelo desempenho. E sim, é prova obrigatória para quem gosta de Trail. E para o ano volto, e quero ver se chego à meta, o que não consegui este ano...

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