Passadas várias semanas depois da prova
continuo a revivê-la como se estivesse ainda lá. O relato vai ser feito com
várias semanas de atraso mas afirmo com todas as letras que foi o melhor trail
que participei até hoje! Fui tudo perfeito, uma organização que pensou em tudo
e em todos. Vários eventos para os filhos, para os maridos/mulheres dos
atletas, os todos os voluntários em todos os locais da prova, tudo perfeito.
Vamos lá ao relato da minha prova. O fim-de-semana começou logo no final de
sábado ao final da tarde, eu o Hugo S., o Vítor P. e mais 3 senhoras (que foram
à caminhada) arrancámos para Portalegre. Parámos em Évora para um magnífico
jantar e seguimos até ao quartel dos Bombeiros de Portalegre. Já em Portalegre
fomos levantar os dorsais, ver a feira instalada no mercado e sentir ao pulso à
grande festa do trail que se iniciou com a corrida dos miúdos. Voltámos para o
quartel dos bombeiros onde pernoitámos. O dia acordou com algum vento e chuva.
As condições ideais para a prática do trail. O mercado onde estava instalada a
partida estava cheio de malta. Reencontrei o Rui Soeiro, o amigo e
companheiro das ultras O percurso iniciava-se subindo um palanque (a partida
volante) para entrarmos no "curral" da partida. Arranquei
tranquilamente com o Rui porque a prova seria longa. Passámos pelo jardim
Corredoura em direcção ao Convento de São Bernardo da Escola da Prática da GNR.
Foi interessante passar por este convento e fiquei com vontade de conhecer
melhor o local. Desde o Jardim até ao 3.8km foi um percurso sempre a subir, o
que obrigou a caminhar. O piso estava lamacento, escorregadio, o que tornou a
prova muito técnica. O primeiro abastecimento surgiu cerca do 8km, não só
estava presente o staff do abastecimento mas também muitas pessoas a assistirem
e um grupo de animação que também faziam parte da organização. Parei alguns
minutos para abastecer de líquidos (água, isotónico) e alguma comida (batatas
fritas, frutos secos). Já tinham passado algumas horas desde que tinha
comido e estava com fome. Quando estava a sair do abastecimento estava a
chegar o Rui. Durante o percurso encontrámos um elemento da organização vestido
de salamandra e realizar os movimentos de uma salamandra real. Os próximos kms
seriam difíceis com duas duras subidas e uma terceira subida demolidora a
chegarmos praticamente aos 900m. Esta subida foi das mais exigentes que
encontrámos durante a prova. Um pouco antes do abastecimento "colei"
aos dois elementos dos Esquilos.
À medida que íamos subindo na cota, o tempo
piorava com a temperatura a baixar, o nevoeiro surgia e alguns aguaceiros
completavam o quadro. Novo abastecimento surge ao 15km, aproximadamente. Aqui
encontro a mulher do Rui e suas duas filhas. Assisto ao reencontro e fiquei
contente por ele. Depois de uns minutos lá seguimos todos juntos, eu o Rui e os
dois elementos dos Esquilos. O percurso assume um carácter descendente e
começam as descidas altamente técnicas com muita lama e extremamente
inclinadas. O Rui começou a ficar para trás porque está a recuperar de uma
entorse do tornozelo, começando a resguardar-se mais nas descidas para evitar
recaídas. A partir do 18km e até ao 21km surge nova subida com grande
dificuldade. Atingimos finalmente o PA3, aqui havia café para quem queria, eu
com receio de me perturbar os intestinos recusei. Abasteci bem e esperei pelo
Rui, enquanto os restantes elementos dos Esquilos arrancavam. O Rui acabou por
dizer para seguir, custou-me um pouco seguir sem ele, mas sabia que ele
conseguiria terminar a prova. Após o abastecimento seguiram-se 2 km
absolutamente demolidores, onde passámos por single tracks e estradões até ao
ponto mais alto da prova, muito perto dos 1000m. O clima continuava violento
com o vento forte, chuva e nevoeiro à mistura.
Mais à frente subimos até à
Cordilheira Vicentina, um ponto rochoso com uma vista fantástica, mas que o
nevoeiro teimou em não deixar ver. O percurso seguiu para o ponto mais difícil
de toda a prova, uma descida extremamente técnica, com praticamente 2 km de
extensão. Há que referir que neste ponto perigoso estavam bombeiros, o que para
qualquer acidente, podia actuar de imediato. Nos vários pontos de
atravessamentos de estradas com circulação estava sempre pelo menos um elemento
da organização.
Ao 29km surge o PA4, aqui comi as famosas boleimas, um bolo
típico de Portalegre. Voltei a comer e repor os líquidos para enfrentar o que ainda
faltava da prova. Nos 2km seguintes fomos sempre a descer por single tracks,
com muita lama e duas pequenas quedas sem qualquer problema. Depois de uns
single tracks junto de ribeiras, atravessamentos de ribeiras e
consequente lava-pés, ultrapassar atletas da prova mais curta chego finalmente
ao último abastecimento, cerca do 36km. Aqui como um belo caldo verde e fico
alguns minutos a secar devido à chuva intensa que caía.
A seguir ao
abastecimento o percurso que segui por um single track numa longa subida com
várias curvas e contra curvas que gostei bastante. Deu-me imenso gozo fazer
aquela parte do percurso. Foram 2km a subir que fiz sempre sozinho e apenas com
um elemento muito mais à frente. Senti-me em comunhão com a natureza, senti que
fazia parte daquela paisagem. Deve ter sido do cansaço e estava a delirar, mas
o que é certo é que adorei aquela parte. Já no topo avisto Portalegre,
começando a aproximar-me da cidade, por trilhos. Quase a entrar no alcatrão
avisto um elemento dos Esquilos que vinha perdido.
Sigo com ele até ao final,
onde cortamos a meta com um tempo final de 6h29m19s. Como conclusão final
adorei a prova. Na minha opinião, tudo foi perfeito, a prova foi exemplar. É
uma prova obrigatória para quem gosta de trails.
Muitos parabéns Silvio. Pelo que tenho lido por aí, a opinião é unanime .. um trail muito bom.
ResponderEliminarAquele abraço
Muitos parabéns pela prova, muito dificultada pelas difíceis condições de tempo.
ResponderEliminarUm abraço
Muitos Parabéns pela prova concluída e pelo desempenho. E sim, é prova obrigatória para quem gosta de Trail. E para o ano volto, e quero ver se chego à meta, o que não consegui este ano...
ResponderEliminar